quarta-feira, 10 de agosto de 2011

ENTRA NO BARCO E VAI!

Durante um violento temporal na costa da Escócia fora lançado um possante veleiro, pela fúria do mar agitado, contra a praia rochosa. O forte vento e as altas ondas pareciam querer despedaçar o casco do navio. Os pescadores na praia reconheceram logo a situação crítica em que se achavam os tripulantes e foram em seu auxílio.
A fúria do vento era semelhante a um bando de demónios que ameaçava destroçar tudo. O perigo era grande. Contudo, alguns homens destemidos entraram num barco e fizeram-se ao mar e conseguiram salvar a tripulação. Para espanto seu, quando se afastaram do veleiro náufragado, notaram que se tinham esquecido de resgatar um tripulante que se agarrava ao mastro. O desespero estampava-se no seu rosto. Mas, os remadores disseram: "Não podemos voltar e buscá-lo. Se o tentarmos, o nosso bote será arremessado contra as rochas e feito em pedaços pela violência das ondas e todos pereceremos."
Deixaram o jovem sobre o veleiro e rumaram em direção à terra. Quando chegaram à praia, aproximou-se deles um jovem robusto e disse: "Se alguém me acompanhar irei buscar aquele náufrago." A sua mãe, que se achava ao seu lado, abraçou-o carinhosamente e disse: "Meu filho, não deves ir. Lembra-te do teu pai, que também era marinheiro, e pereceu num temporal como este. E, há 8 anos, também o teu irmão Guilherme foi ao mar, e nada mais ouvimos dele. Sem dúvida, ele também morreu num naufrágio. Se tu fores agora e perecer, o que farei eu? Já sou velha e pobre. Tu és o meu arrimo, eu rogo-te que não vás."
Ele, amorosamente, soltou o braço da mãe e respondeu: "Mamã, ali fora um homem está em perigo. Creio que é o meu dever salvá-lo. Se eu perecer cumprindo o meu dever, Deus há- de cuidar de si." E, beijando-lhe a querida face, embora pálida e enrugada, embarcou no bote, juntamente com o seu companheiro, e partiram no meio da veemência do temporal.
Os que ficaram na praia ansiosamente esperaram longo tempo, com os olhos fitos no veleiro que devagar se ia afundando. Anelavam a volta do barco. Enfim, o avistaram quando ainda vinha muito distante, lançado de um lado para o outro pelas violentas ondas. Já cansados e quase exaustos, os dois homens, lutavam de forma heroica para trazer o barco para terra. Quando já estavam tão próximos que podiam ser ouvidos, os que estavam em terra perguntaram: "Vocês puderam salvar o homem?"
O jovem que tinha partido para salvar o homem, levando as mãos à boca exclamou: "Sim, digam à minha mãe que encontrei o meu irmão Guilherme." Havia somente uma alma a ser posta a salvo, e esse homem do veleiro náufrago que se afundou no mar era o seu próprio irmão, que por longo tempo foi dado como perdido.
Condições semelhantes há em tomo de nós. Por toda a parte há almas a perecer, que ainda se apegam a alguma coisa terrena, a qual logo lhes será arrancada pelo próximo embate da tempestade. Estas almas são nossos irmãos perdidos. O nosso dever é salvá-los, mesmo com risco da nossa vida terrestre. Milhares de almas andam sem rumo definido e serão finalmente arrastadas pelo poder do pecado. O plano divino é salvar os homens por intermédio de homens. Deus conta consigo e comigo!
– Soul Winning, págs. 65 e 67

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